ASM51

O título que eu gostaria de colocar era:

"GERENCIAMENTO DE SETOR DE CONSERTOS ELETRÔNICOS (COMO FAZER???)"

Bom, primeiro eu não postei esse tópico em "Boteco" porque achei que seria bom se tivesse uma referência no forum sobre esse assunto que não fosse apagado em 30 dias.

Segundo, o post ficou um pouco grande mas acho que é um assunto de interesse de todos, vale a pena ler isso tudo!!!

O negócio é o seguinte, não sei quanto de vcs trabalham realmente com programação de microcontroladores mas acho que nem todos do forum ganham a vida realmente produzindo novos equipamentos e software. E certamente mesmo quem trabalha com microcontroladores não deixa de fazer outros tipos de trabalho como por exemplo reparos em equipamentos eletrônicos, tipo termocontroladores, temporizadores, CLP, painéis de programação, etc.

Eu não trabalho com microcontroladores, isso é um hobby para mim, mas trabalho em um setor de eletrônica em uma empresa de calçados aqui na Bahia.

Uma das minhas (muitas) tarefas é gerenciar a entrada e saída de equipamentos eletrônicos para conserto, ficar de olho no estoque de peças (resistores, capacitores, CI) para fazer solicitação e não deixar faltar, fazer cobrança dos compradores (aqui o pessoal que compra é de outro setor) e ficar de olho nos prazos de entrega, alguns equipamentos tem de ser mandados para conserto externo ou aferição (balanças, equipamento em garantia) por isso devem ser controlados para saber se chegaram no destino e ficar de olho para que não demorem muito a serem devolvidos, e alguns equipamentos são tercerisados para que os técnicos em eletrônica (os de verdade, não eu) não percam tempo consertando equipamentos que não param a produção (exemplo, TV do refeitório, telefone, monitor).

Como vcs podem ver é MUITA coisa, eu não faço tudo sozinho mas a maior parte é feita por mim. Alem disso tudo, no final do mês temos que apresentar um relatório ao gerente de manutenção da empresa mostrando o equipamento que mais foram consertado, quem quebrou mais, maiores motivos de quebra, se ouve descuido por parte de quem utiliza, etc.

O que eu gostaria de saber é:

1) se vocês fazem algum tipo de controle a respeito desses consertos? Se fazem algum tipo de estudo de qual equipamento quebra mais ou qual setor quebra mais coisas??

2) Se tem algum tipo de Manutenção Preventiva ou fazem algum trabalho de conscientização ou reciclagem do pessoal que mais quebram equipamentos. Ou até mesmo se não fazem nada!! se só consertam o que quebra mesmo e o resto que se vire!!!

3) Sobre a questão de estoque de peças, como vocês fazem para organizar e controlar??

4) Sobre o conserto de equipamentos, quando algo não tem conserto mesmo qual é o procedimento de vocês (na empresa em que vocês trabalham)???

5) A banca de consertos como vocês (tentam) manter a organização?? usam um banca grande (geral) ou um pequena e individual para cada técnico??

6) Sobre as ferramentas que vocês julgam excenciais, existe algum controle??? Existe um kit para cada técnico???

7) Sobre a questão de protótipos, se vocês desenvolvem alguma coisa ou só consertam??

8 ) Seria legal ouvir de vocês que tem muito mais experiência algum tipo de dica de como gerenciar a questão da garantia, esse sim é um grande problema pois muitas vezes o equipamento é reparrado e testado mas quando o equipamento é enviado para o solicitante do conserto acontece de reclamarem de não funcionar (vocês tem algum tipo de etiqueta como nome de quem consertou???).

9) Consertos fora do horário de serviço, existe algum tipo de escala entre os técnicos para atendimento fora do horário normal de trabalho??

10 Reserva de equipamentos excenciais na produção, vcs conseguem ter?? Como gerenciam esses equipamentos reserva??

11 Embalagem de equipamentos que vão para conserto, como vocês fazem?? deixam um "estoque de caixas" de reserva ou nem se preocupam??

12 Agora o melhor de todos, vocês tem algum tipo prazo de entrga ou de retorno, ou até mesmo tempo estipulado para o conserto dos equipamentos?? (exemplo, termocontrolador tem de ser consertado em 20 minutos, temporizador 20 minutos, programação de CLP 10 minutos)


Muito obrigado pela paciência em ler isso tudo!!

1) Fica meio no "olhômetro". Aqui dá pra saber qual "setor" ou "equipamento" quebra mais porque esse tipo de coisa é o que mais aparece e nosso lab aqui é pequeno.

2) Tem manutenção preventiva e passamos procedimentos para cuidados com equipamentos, mas não obrigamos ninguém a seguí-los, já que ganhamos por manutenção...

3) Peças em estoque somente peças de baixo custo e as que saem (quebram) mais.

4) Sucatear e pedir um novo. Demora, mas fazer o quê, né? Se eu remendar o equipamento pra uso provisório, o provisório acaba virando definitivo...

5) Uma banca para cada técnico, cada um com seu kit de ferramentas e com responsabilidade sobre o seu kit.

6) Um kit para cada técnico de ferramentas básicas. Equipamentos de testes mais caros e de menor uso como osciloscópio e etc é "compartilhado".

7) Fazemos protótipos.

8 ) Temos um banco de dados de cadastros de clientes e equipamentos. A garantia é dada após o conserto e é registrado o técnico que efetuou o serviço.

9) Não existe escala, são poucos os técnicos e eles se encarregam de fixar esses horários.

10) Muido difícil ter reserva de equipamentos devido ao custo. O chefe geralmente põe tudo pra funcionar e deixa sob responsabilidade nossa de manter funcionando.

11) A embalagem que o equipamento chega para manutenção é a mesma que é devolvida após a manutenção. Se o equipamento vem sem caixa, volta sem caixa. A caixa fica guardada no "estoque".

12) O prazo de entrega depende do equipamento e do problema, mas é estipulado um. Infelizmente quando há necessidade de compra de peças que não constam no estoque, o prazo é aumentado até a peça chegar. Equipamentos cujo defeito demore muito tempo é analisado o custo do equipamento e o custo do técnico, se for inviável, o equipamento é dado como perdido.

Valeu chipselect, muito obrigado pelas respostas!!!!

aqui onde eu trabalho funciona assim:

1) Todo equipamento vem para conserto com uma ficha descrevendo o equipamento, defeito e solicitante. Essa ficha é feita em 2 vias para garantir que a pessoa receba o equipamento devolta. No final de cada mês é feita uma contagem das fichas para levantamento dos dados para relatório.

2) Alguns equipamentos que conseguimos identificar problemas com capacitores quando vem para conserto já é feita a troca deles e é registrado de forma que não se troque novamente, mas são muito poucos que fazemos isso. Existe uma conscientização por parte do chefe geral baseado no relatório (conhecida popularmente por "comida de rabo") nos reponsáveis pelos setores e tambem reciclagem do pessoal que opera/instala os equipamentos eletrônicos (quando necessário).

3) Existe estoque de peças comerciais como resitores, capacitores, etc. Não existe um controle muito rigido, o que começa a acabar pede. Muito equipamento é sucateado devido a dificuldade de conseguir peças. Organização é feita somente na identificação das gavetas e padronização da ordem das peças para facilitar a localização.

4) O equipamento é mostrado ao gerente de manutenção (que por sinal é Eng. Eletrico e conhece muito bem eletronica), fala o motivo porque não tem conserto, geralmente ele concorda e pede para comprar outro. No caso de equipamento muito caro, ele é enviado para forncedor ou autorizado para fazer orçamento de conserto... se compensar bem, se não solicita equipamento de volta para sucatear e compra novo.

5) Organização de bancada é muito precaria, existe uma mesa (bem grande) para todos mas não fica organizado de jeito nenhum, quem conhece eletrônica sabe como é... pensamos em mudar o sistemas mas por falta de ideias novas fica como esta.

6) Existem 2 kits de ferramentas para 4 técnicos, ferro de solda, pinça e sugador são individuais. Existe termo de responsabilidade das ferramentas (quebrou paga). 1 osciloscópio digital (FLUKE muito bom), 2 notebook, 1 PC 2 programadores e 1 apagador de eprom.

7)Só quando é solicitado (muito raramente) ou quando surge a necessidade de melhoria em equipamento, mas estou pensando em usar o conhecimento que adiquiri de microcontroladores para incrementar as coisas.

8 ) Aqui agente possue umas etiquetas de papel onde vc assina e coloca a data de conserto. Etiqueta é coloda no equipamento consertado. Equipamento só sai consertado e testado. Cada um responde por sua "garantia".

9) Só os 2 técnicos mais velhos são chamados mas não existe uma escala predefinida, as vezes são chamados os 2.

10) Equipamentos essenciais tem pelo menos 1 reserva. O gerenciamento é feito por um almoxarifado, mas já aconteceram casos de quebrar o equipamento da máquina e o reserva, nesses casos nem que seja apelando para os orixás, mas tem que conserta de qualquer jeito um deles!!!

11) Agente tem que embalar essas %$#@***!!! Não precisa de estoque de caixa pois aqui é que bem tem.

12) O prazo de entrega fica acargo do técnico, existe um tipo de fila de equipamentos mas pode ser furada a depender do equipamento. Mas não existe tempo estipulado e os tecnicos mais velhos usam esse recurço (não dar um tempo certo) para gerenciar a questão da pressão da produção emcima dos consertos eletrônicos.

acho que é isso.

em relação ao item 5- velho, quanto maior a bancada maior a bagunça, porém organizada, num tem jeito não...

Eu ja trabalhei em empresas de manutencao de diversos portes.

Informacoes importantes para alguns itens:

- Estoque de caixas
Na maioria das empresas por onde passei, quando um equipamento chega com caixa, esta é identificada no sistema e vai para um quartinho ou prateleira, para quando o equipamento voltar, voltar ao cliente com a mesma caixa. Em outros, embalavamos os equipamentos em sacos plasticos na prateleira, embora costuma-se perder algumas caixas.

- Bancadas:
Cada técnico tem sua bancada, seu espaço de trabalho. Geralmente cada técnico tem um kit de ferramentas básicas propria, sendo que este assina um termo de responsabilidade das ferramentas. Em alguns lugares pequenos onde trabalhei existia uma gaveta de ferramentas compartilhadas, entretanto todas as ferramentas estavam podres, pois assim, ninguem tinha cuidado, principalmente nunca havia uma chave philips que funcionava. Abomino este recurso compartilhado, pois se um tecnico vai pra campo, leva as melhores ferramentas e o laboratorio acaba parado. (Os tecnicos ficam perdidos com medo de quem vai pedir para trocar as ferramentas pq existe o fantasma de quem reclama é quem paga)

Ferramentas mais caras como Osciloscópios:
(Quando disponíveis) eram pré compartilhados, ou seja, só usava quem realmente tinha lido o manual inteiro e sabia de cór e salteado tudo do osciloscopio, e os outros técnicos habilitados ficavam de olho vigiando se esta sendo operado corretamente. Estagiários, estes sim nem chegavam perto. Geralmente o técnico mais velho era o responsável pelo brinquedo.

Estoque: Empresas maiores tinham um estoque centralizado, tudo que o laboratorio precisava éra feito um pedido por escrito em formulário proprio, protocolado em 5 vias, reconhecido firma em cartorio, junto com rg do pai, da mãe e do papagaio e justificativa para o seu uso. (Imaginou como éra facil), digo isso por causa da burocracia em algumas empresas. Outras, se chega no cabra do almoxarifado com o numero da ordem de servico, solicita as peças, assina, as vezes precisava da permissao do gerente do laboratorio ou dono da empresa. O mesmo funcionava para equipamentos (GIGA) de testes. Tinha lugar que: se tinha equipamento de cliente para ser orçado, pegava este e de dois fazia um. depois devolvia as peças para o equipamento dono.

Garantia e prazos:

Geralmente se tinha um prazo para orçamento, reparo e entrega pré definidos. (Orçamento de uma nave espacial em 18 segundos ou chute os técnicos, pra dizer que o prazo nunca se cumpria em empresas com ISO9000)
Em raros casos o orçamento era entregue no prazo, entretanto o prazo de reparo costumava demorar, pois no orçamento entregue ao cliente, tinha o prazo de entrega.

Os equipamentos reparados tinham uma etiqueta com o código do técnico(Geralmente a inicial do responsavel) E quando a empresa tinha um sistema de gerenciamento (Nunca atualizado como deveria) todo o processo era acompanhado por alguem da assistencia técnica que sabia como estava a situacao dos equipamentos em laboratorio. Apesar de haver uma fila de espera, muitos técnicos burlavam esta regra, deixando equipamentos mais dificieis e ou impossiveis de serem diagnosticados juntando pó e caindo na mão de um bode espiatório (Geralmente um estagiário ou o técnico sado-masoquista, raramente os mais graduados punham a mão nisso)

Trabalhei em cinco empresas diferentes do mesmo segmento: manutencao de equipamentos de informatica, e voceis sabem como é la dentro.

Falo isso sem medo e sem dó, pois agora nao mexo mais com isso. Agora virei bombril 2001 inutilidades, da manutencão dos sistemas a limpeza do banheiro faço tudo.

Este é um resumo bastante conturbado do lado do técnico que somos.

A respeito da bancada, as bancadas tinham que ser totalmente limpas no fim de cada expediente, embora nem sempre isso ocorria. Bancadao enorme só presta se sua empresa tem centenas de estagiarios. Se cada técnico tem seu kit basico de ferramentas e sua minuscula bancada, se houver um gerente para decretar lei marcial, tudo funciona. Tenha isso em mente!