por xultz » 30 Jun 2010 18:29
Cara, não sei se era, mas eu uso essa pasta por nada. Tem um técnico aqui no meu trabalho que é viciado na pasta. Acho que ele fica doidão com o cheiro, porque ele usa ela o tempo todo.
Uma vez ele montou uma placa que eu fiz, circuito simples, amplificador TL084 SO (nem TSSOP era), componentes discretos 0603, roteamento robusto (trilahs de 20 mils, 12 mils de espaçamento mínimo). O circuito era amplificador, filtro, condicionador, para trabalhar na faixa de áudio (no máximo).
Umas três placas (de 5 montadas) estavam esquisitíssimas, e todas com comportamentos diferentes. Não conseguia encontrar curtos, mas parecia que tinha conduções entre as coisas. Saquei fora os dois TL084, e por baixo tava uma gosminha marrom se espalhando por tudo. Lavei beeem lavado com álcool isopropílico, soldei o CI de novo (dessa vez, eu soldei), e o circuito funcionou xubiduba. O mesmo com as demais placas. Placa minha, ele não monta mais usando esta m****.
Eu só usaria esta pasta se tivesse que soldar dois fios grossos com um machadinho de solda e os malditos estiverem recusando a pegar a solda. E depois, uma camada de fita isolante em cima. Pasta de solda, em placa, não uso nem a pau.
Um macete prá soldar sem malha, e soldar com bolinha de solda. Depois de fixar o componente (soldando terminais nos cantos, pode botar alguns em curto sem medo), é fazer uma bolinha de solda no canto, de uns 2mm a 4mm de diâmetro, depois corre o ferro de solda pela fileira de terminais, eles vão pegando solda que é uma beleza. Se der uma pré-aquecida com o soprador térmico, fica que é um tesão. No final, os últimos tendem a ficar em curto. O macete é correr a bolinha de novo, com a placa na vertical, com os terminais voltados para baixo. Se ainda não der, tenta alguns ângulos. É questão de muita experiência: quando achar a temperatura certa, o ângulo certo, o tamanho da bolinha certo, e a velocidade certa, não vai ficar nenhum curtinho prá trás. Como eu sei disso? Meu primeiro emprego foi numa fábrica chamada S!D Informática. Isso lá por 1994. SMD era coisa novidade. A máquina de pick n place estava estragada há tempos, e era uma fortuna consertar. Como a produção não podia parar, as placas eram montadas na mão. Os componentes discretos (os menores eram 0805), eram colocados por cima da pasta de solda na mão, e soldava no forno. Mas colocar os CIs sobre a pasta não dava, porque não conseguia colocar sobre os pads que estavam labuzados de pasta. Daí tinham 5 mulheres que só soldavam os CIs. Era emocionante de ver a prática: a mulher colocava o CI, fixava dois cantos, corria a solda pelos 4 lados do CI, e pronto, e já pegava a próxima placa prá soldar, porque era esquema produção.
98% das vezes estou certo, e não estou nem aí pros outros 3%.